sábado, 25 de janeiro de 2014

Os fascistas que são contra o “fascismo ao virar da esquina”

 

Há em Portugal uma certa classe social fascista que é contra o “fascismo ao virar da esquina”: viram cada esquina e gritam: “então, faxisto?!”

Textos fascistas como este, da autoria de um tal José Diogo Madeira, serão lançados nos me®dia regularmente, tentando intoxicar a opinião pública. São os fascistas antifascistas.

Em 2005, as uniões homossexuais foram referendadas na Suíça — ou seja, o "casamento" gay foi sujeito a referendo na Suíça. Abrenúncio, cruzes canhoto! Faxistas!!!!!!!

Para os fascistas antifascistas, a Suíça é um país fascista porque referendou alegados direitos das minorias. No Portugal progressista dos fascistas antifascistas, o "casamento" gay foi promulgado sem ouvir a opinião dos portugueses, porque ser democrata é ser fascista. Mas os fascistas antifascistas querem ir mais longe: querem envolver os direitos de terceiros (das crianças) no "casamento" gay sem ouvir o povo português — porque o povo português é fascista. Só não é fascista quem concorda com os fascistas antifascistas.

Neste caso, o fascista antifascista José Diogo Madeira cometeu um erro (coisa rara, aliás!): em 1933 não houve um referendo, mas antes um plebiscito.

4 comentários:

  1. Caro Orlando,
    Tenho acompanhado o seu percurso relativo ao referendo da adopção de pares homossexuais e, apesar de concordar e compreender a argumentação, gostaria de lhe apresentar o meu ponto de vista. Considero-o bem mais capaz que eu e por isso duvido que não tenha pensado no que lhe vou dizer. Dado isto, gostaria de saber o que o levou a rejeitar este raciocínio (para eu possa, eventualmente, abandona-lo). Todas estas medidas, que vêm do marxismo cultural e do relativismo, tem, de forma mais rápida ou mais lenta, "entrado" sempre. Não existe nenhum partido que (efectivamente) se posicione contra isto. Se a ideia do PSD (seja juventude ou não) é decidir mediante a opinião da maioria, não referendariam antes a base do problema? O casamento em si. Eu vejo este referendo como foi o referendo do aborto. Se não passar hoje vão bombardear as pessoas com (des)informação e voltam a referendar. Eu sinto que este referendo é mais uma falta de respeito ao intelecto do cidadão de bem do que um acto democrático.

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  2. 1/ O bom é inimigo do óptimo.

    O ideal seria o óptimo, mas “a política é a arte do possível”. O "casamento" gay foi promulgado (em lei) em uma época em que o Partido Socialista tinha maioria no parlamento.

    Reverter a lei do "casamento" gay só será possível se a sociedade estiver preparada para enfrentar a violência no espaço público por parte da esquerda. É uma situação que não se coloca neste momento, mas que estou convencido que é possível que se coloque no futuro, dependendo da evolução dos índices demográficos — porque o casamento é um símbolo social, antes de ser um mero contrato.

    Portanto, referendar o "casamento" gay, neste momento, é impossível. É preciso que se demonstre empiricamente que o "casamento" gay é nefasto à sociedade, e isso pode demorar ainda alguns anos.

    2/ A ideia segundo a qual o "casamento" gay é a base do problema, é falsa! E, mais grave, aceitar esse argumento é cair na retórica de quem pretende falsamente associar o casamento à adopção.

    O casamento e a adopção são instituições diferentes.

    Desde logo, o casamento envolve duas pessoas adultas (até ver!), ao passo que a adopção envolve um adulto e um menor — quem adopta é um indivíduo adulto em um determinado momento e não dois em simultâneo. Por isso é que a lei permite a adopção de uma criança por parte de um só indivíduo, e em casos excepcionais.

    Quando um casal adopta uma criança, essa adopção é “duplamente individual” (são os dois indivíduos, ela e ele, que adoptam), e não é feita enquanto casal. Não é o casal, enquanto tal, que adopta: é o homem e a mulher, enquanto indivíduos e nessa condição, que adoptam.

    3/ O conceito de “progresso da opinião pública”

    O problema é o seguinte: ¿quem tem razão? Os que defendem a adopção de crianças por pares de invertidos ou os que são contra ela? Uns dizem que tem razão, e os outros também. Não há acordo possível e este problema não tem solução. Em princípio, este problema poderia ser resolvido através de uma guerra civil, em que os da outra parte seriam fuzilados e perseguidos politicamente.

    Mas ¿teríamos a garantia, mesmo que ganhássemos essa guerra civil, de que uma ditadura seria o melhor caminho? Penso que não, porque ninguém pode conhecer o futuro.

    A esquerda subverteu o liberalismo político e adoptou também o conceito de “progresso da opinião pública” que foi, em primeiro lugar, adoptado pelo liberalismo inglês do século XIX. O “progresso da opinião pública” baseia-se no princípio da persuasão (que nos vem da democracia grega): o povo não aceita uma determinada lei, mas vai sendo convencido ao longo do tempo — mesmo que essa lei seja péssima e sirva apenas o interesse de uns poucos, e até contribua para a destruição da sociedade.

    A única forma racional de lutar contra o conceito liberal de “progresso da opinião pública” é, por um lado, esperar que as leis nefastas se demonstrem de facto nefastas em relação à sociedade, fazendo com que utilizemos o conceito liberal de “progresso da opinião pública” para as revogar mais adiante no tempo. E, por outro lado, é confiando na instituição do referendo e/ou do plebiscito, que é também uma forma de princípio de contrariar a arbitrariedade das leis promulgadas por uma minoria (a classe política).

    O caminho alternativo é a instalação de uma ditadura. E ¿quem controla um tirano?

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  3. Relativamente à "base do problema" cometi um erro crasso. Claro que a origem não está no casamento. É só uma questão de precedência cronológica. Se o casamento não for aprovado, não vão passar à adopção (não é imperativo mas é o que se verifica). De resto agradeço profundamente o tempo despendido.

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    1. O politicamente correcto estabelece uma ligação ideológica entre os dois conceitos — casamento e adopção —, seja cronológica ou não, ligação essa que não é verdadeira, até porque a lei permite a adopção por uma só pessoa (desde o tempo de Salazar que isso é possível).

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