quinta-feira, 2 de abril de 2015

O disparate do materialismo ateísta


Os ateus são pessoas que se reúnem — na Internet, em fóruns, em blogues, em colóquios, em conferências, etc. — para protestar contra Aquele (Deus) que eles dizem que não existe.

 

olavo-de-carvalho-ateismo-web

O Ludwig Krippahl escolhe bem as suas “vítimas”. Tentou “discutir” comigo acerca de religião, e cedo se deu conta de que mais valia procurar “vítimas” mais fáceis de “caçar”. A estratégia retórica do Ludwig Krippahl é a amálgama: mistura, em um mesmo texto, alhos com bugalhos, na esperança de que, através da ciência, se opere um milagre e os alhos se transformem em bugalhos (ou vice-versa). Olhem para este texto verifiquem a amálgama. Olavo de Carvalho tinha razão quando escreveu o seguinte:

“A mente humana é constituída de tal forma que o erro e a mentira podem sempre ser expressos de maneira mais sucinta do que a sua refutação. Uma única palavra falsa requer muitas para ser desmentida.”

Refutar aquele texto do Ludwig Krippahl daria um ensaio de muitas páginas. A única forma de denunciar a erística dos argumentos-cacete do Ludwig Krippahl sem escrever um ensaio, é focalizando a nossa atenção em alguns argumentos-chave do referido texto: por exemplo, “verificação”, “crença”, “verdade”, “autoridade”, e obviamente “ciência” que, alegadamente, se opõe à  religião.


Comecemos pela alegada oposição entre ciência e religião. “Oposição”, aqui, deve ser entendida no sentido dialéctico: “Não nos devemos cansar de estudar os extremos opostos das coisas. O mais importante não é encontrar o ponto comum, mas deduzi-lo dos contrários; é este o segredo e o triunfo da arte” (Giordano Bruno). Invoco aqui Bruno para que não se diga que estou a utilizar uma autoridade eclesiástica católica qualquer.

Mesmo que a religião e a ciência estivessem em oposição, não nos deveríamos cansar de estudá-las — embora o mais importante não seja encontrar o ponto comum, mas antes deduzir esse ponto comum dos dois contrários. Desprezar os contrários ou um dos contrários, significa estupidez.

Mas a verdade é que a ciência e a religião não se encontram em oposição.

Perante as descobertas científicas da física quântica, o materialismo ateísta é a maior estupidez que pode existir no século XXI. Ser materialista, no sentido ateísta, é a negação da ciência. O antagonismo clássico “ciência contra a religião” já não existe actualmente: foi a própria ciência que o eliminou, ao alterar a sua auto-concepção e a sua exigência de validade. Não é de admirar que, no fim da investigação das partículas elementares (física quântica), surja nos ateus materialistas um grande silêncio: pelo menos, o disparate do século XX seria perfeito.

Nas ciências empíricas, é discutível falar de "verificação". Karl Popper demonstrou que se pode estabelecer experimentalmente a falsidade de uma hipótese, embora não seja possível estabelecer a sua verdade (falsificabilidade). A “verificação” do Ludwig Krippahl é isto: pode-se dizer que uma coisa é falsa, mas não se pode dizer que outra coisa é verdadeira. E ele sente-se superior às pessoas religiosas apenas e só por isto…!

Dizer que “apenas a religião se baseia em crenças”, é ser intelectualmente míope. Duma maneira geral, a crença é adesão a uma ideia, um pensamento, uma afirmação, uma teoria, um dogma… Nesse sentido, a ingenuidade, o preconceito, o erro, a fé, a opinião, assim como o saber científico, são diferentes formas de crença.

Por último, afirmar que “na ciência não há autoridade de direito”, é tentar enganar os pacóvios. Basta que na ciência existam paradigmas para que prevaleça sempre a autoridade dos que seguem o paradigma vigente.

2 comentários:

  1. O texto é uma brincadeira de 1º de abril.

    Agora, essa suposta incompatibilidade entre ciência e religião me parece apenas uma questão mal proposta. Há confusão verbal aí.

    Vejamos: o que é Ciência? A acepção moderna do termo parece ser a de um método de investigação de fenômenos naturais, ou a de uma atividade que envolve a aplicação deste método, ou ainda a do corpo de conhecimentos já adquirido através deste método. Enfim: ciência é, basicamente, um "método de investigação de fenômenos naturais".

    E o que é Religião? Difícil dar uma definição precisa, mas costuma-se chamar de "religião" qualquer doutrina que determina um sentido para a vida do homem e o seu lugar no Universo. É normalmente expressa através de símbolos e narrativas e acompanhada de ritos e mandamentos de conduta. Enfim: religião é, basicamente, uma "doutrina sobre o sentido da vida".

    Definições grosseiras, é verdade, mas que não ficam muito longe do que é aceito para estes termos.

    Alguém, portanto, me explique como pode haver oposição entre duas coisas com objetivos tão diversos? Pode haver incompatibilidade entre um método de investigação de fenômenos natuais e outro método commesmo objetivo. Pode haver incompatibilidade entre uma doutrina sobre o sentido da vida e outra doutrina com o mesmo objetivo. Mas como pode haver tal incompatibilidade entre um "método de investigação" e uma "doutrina sobre o sentido da vida"?!

    Logo se percebe que o ateu, quando diz "ciência" ao propor tal questão, na verdade ele quer dizer "materialismo". A PALAVRA "CIÊNCIA", NESSE CONTEXTO, É SÓ UM DISFARCE PARA "MATERIALISMO". Removida a máscara, aí sim, podemos discutir incompatibilidades. Pois o materialismo diz algo sobre o sentido de nossas vidas e nosso lugar no Universo; pode ser confrontado com outras "doutrinas sobre o sentido da vida e sobre nosso lugar no Universo". Mas o ateu militante é intelectualmente DESONESTO e COVARDE: não quer admitir que é materialista. Não quer admitir que o confronto verdadeiro não é entre "ciência" e "religião", mas entre uma "doutrina sobre o sentido da vida e nosso lugar no Universo" e outras "doutrinas sobre o sentido da vida e nosso lugar no Universo". Se preferir, entre uma "religião" e outra "religião".

    Mas manter a máscara de "defesnor da ciência contra o obscurantimo das religiões" lhe reveste de muita autoridade, pois quem duvida da ciência e da técnica no dias de hoje? O ateu sabe que perderá grande parte de sua moral no debate se tiver a honestidade de se assumir como um materialista. A confusao verbal lhe é útil.

    ResponderEliminar
    Respostas


    1. 1/ A matemática é uma ciência (formal) e não se refere expressamente a fenómenos naturais — pelo contrário, os axiomas da lógica não são físicos. Você refere-se apenas às ciências empíricas. Portanto, a sua definição de ciência está pelo menos incompleta. E depois ainda temos s ciências humanas e sociais que, em princípio, não deveriam servir para explicar fenómenos naturais, uma vez que o ser humano não está sujeito às leis da natureza da mesma forma que um fenómeno físico ou químico está.

      2/ hoje já não existe praticamente uma fronteira clara entre ciência e cientismo. Hoje, quando falamos de ciência, estamos a falar de cientismo — por várias razões: políticas, filosóficas, éticas, ou todas elas misturadas.

      A ciência transformou-se (no século XXI) em uma espécie de religião imanente (o naturalismo, que é uma forma de materialismo mais sofisticada), e por isso concorre com as religiões tradicionais nos seus objectivos. Os objectivos da ciência (ou cientismo) enquanto religião imanente, por um lado, e os objectivos das religiões universais, por outro lado, são semelhantes: o questionamento do “sentido último” do ser humano e da História.

      Eliminar

Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.