segunda-feira, 18 de março de 2024

O conceito pós-modernista e bergogliano de “respeito” do Anselmo Borges


Posso estar de acordo com quase tudo o que o Anselmo Borges escreveu aqui (ver ficheiro PDF), com uma excepção: o respeito pelo outro não é “incondicional”, como ele alude. Antes de mais, vamos falar sobre o que significa “respeito pelo outro”, para que não haja mal-entendidos.

S. Tomás de Aquino escreveu que “não devemos respeitar quem não merece respeito”. E, que eu saiba, S. Tomás de Aquino não era menos santo do que o Anselmo Borges.

S. Tomás de Aquino referia-se ao “comportamento do outro” (juízo moral, racionalmente fundamentado), e não ao “desrespeito em relação ao outro enquanto ser humano” (respeito ontológico). Anselmo Borges mete estes dois conceitos no mesmo saco — como é característica do Pós-modernismo.

Uma coisa é o respeito pelo outro enquanto ser humano (respeito ontológico); outra coisa, bem diferente, é o “respeito” que sanciona, ou tolera, ou até aceita, qualquer tipo de comportamento em nome de um putativo “respeito pelo outro”. É neste segundo sentido que se insere o conceito de “respeito” adoptado pelo papa Chico e seus acólitos (como é o caso do Anselmo Borges), na linha ideológica do Pós-modernismo.

Porém, o este segundo conceito de “respeito pelo outro” é ambíguo — como em quase tudo o que prevalece na Igreja Católica do papa Chico: a ambiguidade é chave-mestra da mundividência bergogliana (pós-modernista) —, porque só se aplica em alguns casos politicamente motivados.



É claro que Anselmo Borges invoca Kant para fundamentar o conceito pós-modernista de “respeito”; mas esqueceu-se do conceito kantiano de “autonomia” (que é também da razão prática). A ambiguidade bergogliana pós-modernista (que caracteriza o Anselmo Borges) faz com que se escondam os conceitos que não interessam ou que incomodam a narrativa politicamente correcta, mesmo sendo da mesma fonte autoral.

O conceito de “autonomia”, de Kant, dá razão a S. Tomás de Aquino: a “autonomia”, segundo Kant, pode definir-se 1/ como liberdade no sentido negativo, isto é, como independência do cidadão em relação a qualquer coacção exterior (ou seja, o cidadão, enquanto indivíduo), 2/ mas também no sentido positivo, como legislação da própria Razão pura prática (o cidadão, enquanto legislador).

Ou seja, para Kant, a autonomia consiste em ser simultaneamente “cidadão e legislador”: a vontade do Bem é ela própria uma criação livre.

A radicalização do princípio da “autonomia” de Kant, que ocorre na contemporaneidade pós-modernista (e, por maioria de razão, na Igreja Católica bergogliana defendida pelo Anselmo Borges), consiste grosso modo em adoptar a liberdade em sentido negativo (o “cidadão”) e excluir o sentido positivo da função da Razão no papel do “legislador”, transformando a autonomia em subjectivismo puro e não passível de universalidade, levando à atomização da sociedade.

É isto que a actual Igreja Católica do Bergoglio defende.

sexta-feira, 15 de março de 2024

João Caupers, Isabel Moreira, e a institucionalização da eutanásia


Não podemos confiar, exclusivamente ao Direito, as decisões sobre a vida ou morte de uma pessoa; não nos esqueçamos que o holocausto nazi, e/ou os Gulag soviéticos, foram perpetrados de forma legal. Aquilo que é legal não é necessariamente legítimo.

«De acordo com o Presidente do Tribunal Constitucional à data, João Caupers, "a este respeito considerou o tribunal que o direito a viver não pode transfigurar-se num dever de viver em quaisquer circunstâncias".»

O Caupers confunde “dever”, por um lado, e “necessidade”, por outro lado — o que revela impreparação para lidar com problemas desta índole. João Caupers é apenas um técnico; não passa disso.

O “dever” distingue-se, em primeiro lugar, contrariamente do que sugere o Caupers, da “necessidade”, que se impõe a todos e não deixa qualquer alternativa — por exemplo, temos necessidade de comer, para viver, quer queiramos ou não.

A obrigação (quando coincide com o dever), pelo contrário, implica a vontade e a liberdade de escolha — por exemplo, “devo dizer a verdade” implica a possibilidade de não o fazer. O “dever” tende, assim, a confundir-se com “obrigação”, embora nem toda a obrigação seja dever: os deveres ligados a uma função, ou mesmo a um compromisso, não são ainda o dever moral.

De facto, o verdadeiro dever é distinto de qualquer móbil sensível: cumprir o dever não traz vantagem material, independentemente de todo o contexto ou condições particulares — é o imperativo categórico: “Age unicamente de acordo com o princípio que desejes poder tornar-se numa lei universal” (Kant).

Em suma: o dever é apenas a intenção e a vontade de fazer as coisas bem, exigência puramente desinteressada, motivada simplesmente pelo respeito pela lei (seja esta a lei divina, a lei natural e/ou a lei dos homens), e mais precisamente, do seu carácter universal.

A utilização do conceito de “dever” neste contexto por parte do Caupers, revela ou ignorância ou perversidade própria do relativismo esquerdopata caracterizado por um nominalismo radical que destrói o Direito e a nossa cultura.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A filha-da-putice de Alexandre Morais, um ministro brasileiro que seria magistrado em Portugal


Em Portugal, um juiz de Direito é um magistrado — porque exerce um magistério (origem etimológica: latim magisterium, cargo de mestre).

Por maioria de razão, um juiz do Supremo Tribunal de Justiça português é um magistrado.

Um magistrado é sempre alguém com um estatuto mais elevado do que um ministro: um magistério tem uma condição superior à do ministério — excepto no Brasil.

A originalidade brasileira deturpa, por definição, a etimologia da língua. No Brasil, um juiz do Supremo Tribunal de Justiça é chamado de “ministro” — e não de “magistrado”, como é chamado em Portugal.

Por isso é que os “ministros” (os juízes) do Supremo Tribunal de Justiça do Brasil se imiscuem amiúde na política corriqueira do dia-a-dia, fazendo concorrência com os ministros do governo.

Entre esses “ministros”, destaca-se um verdadeiro filho-de-puta: Alexandre Morais.




segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

A felicidade do Joaquim, segundo Kant


O Joaquim aborda aqui o tema da “felicidade”, desde logo assumindo a felicidade como algo possível de alcançar (não confundir “felicidade” e “alegria”).

Ao contrário dele, eu sou um céptico em relação à Natureza Humana;  sou mais apologista de Kant:

1. O desejo humano em relação aos objectos do mundo (o tal “direito à felicidade” que implica uma conduta interessada) não é compatível com a ética e com a moral, a não ser por puro acidente — se for uma motivação sensível (o desejo) a comandar o estabelecimento de uma norma (lei positiva ou regra moral), então qualquer mudança no objecto de desejo e de satisfação implica ipso facto uma reviravolta da conduta.

2. O “direito à felicidade” não se pode traduzir em uma lei prática ou regra moral. A ideia que cada ser humano tem de “felicidade” é uma ideia absoluta — que satisfaz em sumo grau o máximo de inclinações no decurso de uma duração indeterminada. Porém, o que acontece na realidade concreta, é que a experiência humana da satisfação das inclinações individuais é fragmentária, contingente e parcial. Logo, existe uma contradição entre a exigência de felicidade, por um lado, e a experiência humana concreta relativamente ao conhecimento dos elementos que a produzem, por outro lado. Ou seja: para que o homem pudesse ser feliz, teria que ter ao seu dispor exactamente o oposto do conhecimento empírico e contingente dos meios para satisfazer a exigência de felicidade: o ser humano teria, neste caso, que ser Deus — o que é uma impossibilidade objectiva.


Os homens querem ser felizes, mas não sabem exactamente o que querem, para serem felizes.


Uma vez que a ética deve ser universal (a ética é para todos), e que o Direito não deve reduzir a norma ao facto, o “direito subjectivo à felicidade” de cada ser humano não pode fundamentar uma regra ética (ou parte dela) nem uma lei positiva.

O “direito subjectivo à felicidade” é um ideal de imaginação (de cada indivíduo), e não um ideal da razão.

O “direito à felicidade da sociedade” é uma ficção. Uma regra moral é apenas objectivamente válida na ordem prática, da mesma forma que uma lei positiva é válida na ordem teórica — na medida em que uma regra moral se impõe sem condições contingentes e subjectivas (ou seja, uma regra moral, sendo universal, não pode depender da experiência isolada, das ficções e dos ideias de imaginação dos indivíduos).

O que está a acontecer na sociedade europeia (e não só) é uma tentativa de destruição do Estado de Direito através da pulverização das normas legais, reduzindo-as a factos mais ou menos isolados. E é sobretudo uma tentativa de destruição da ética através de uma atomização da sociedade, traduzida na recusa da universalidade da ética sob pretexto de que “cada indivíduo tem o direito” de ver o seu “direito à felicidade” traduzido nas regras morais, transformando a ética exactamente no seu contrário. E quem está por detrás desta tentativa da destruição do direito e da ética, são os promotores dos novos totalitarismos que se anunciam.


É um erro pensar que por detrás das descobertas da ciência está “o desejo de felicidade”.

Quem estudou alguma coisa da filosofia da ciência (epistemologia) sabe que o avanço da ciência se deve à imaginação como faculdade do espírito (e que é independente do “desejo de felicidade”) — a imaginação não é simples imitação do real por imagens: consiste em produzir representações e, por isso, pressupõe uma actividade do espírito. Esta actividade não consiste apenas no facto de se representar objectos ou seres ausentes: consiste também na possibilidade de combinar as ideias ou de antecipar acontecimentos, e mesmo na faculdade de nos fazermos representar no que não existe (ou ainda não existe), ou seja, na imaginação criadora.

Podemos dizer, contudo, que a imaginação não cria verdadeiramente, mas antes que ela inventa combinações novas com elementos dados. No entanto, é necessário que as combinações sejam completamente livres. A imaginação criadora manifesta a liberdade do espírito que se confunde com a faculdade humana que “ir para lá” do dado, de pensar o ausente, o passado, o futuro e o possível — independentemente do desejo de felicidade.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

O Ludwig Krippahl, o Galopim de Carvalho, e o Ernst Haeckel estão de acordo


O Ludwig Krippahl defende a ideia segundo a qual a evolução é um fenómeno exclusivamente materialista.

Dentro desta mesma ideia, o alemão Ernst Haeckel, no século XIX, afirmava que a célula viva era uma coisa muito simples e que surgia espontaneamente da lama depois de uma chuvada. Mas o Ernst Haeckel tinha atenuantes: no século XIX ainda não existia, por exemplo, a bioquímica.

O Ludwig Krippahl parece seguir a ideia de base de Ernst Haeckel.

Outro pensador materialista (e comunista), professor universitário (Galopim de Carvalho), pasme-se!, escreveu o seguinte:

“Foram as pedras e os fósseis, que muitas delas trazem dentro, que nos deram a conhecer a origem e a evolução da Terra e da Vida, ao longo de centenas de milhões de anos (Ma). Foi nesta evolução que matéria inerte, como são os átomos de oxigénio, hidrogénio, carbono, azoto e outros como fósforo e enxofre, em muito menores percentagens, se combinou a ponto de gerar a vida e, através do cérebro humano, adquirir capacidade de pensar”.

Outra pérola do galopim:

“O pensamento, não surgiu no cérebro humano da noite para o dia. É um produto imaterial da matéria”.


Só uma pessoa com neurónios enrijecidos e fossilizados, cristalizados no sistema ortorrômbico ou triclínico, pode afirmar que o cérebro humano adquiriu capacidade de pensar, a partir das pedras e da matéria inerte. O galopim, tal como o Krippahl, tem um pensamento empedernido; da mente dele já não sai nada senão ideias fossilizadas.

Um cientista deve ter a humildade de assumir que “não sabe” — em vez de afirmar, explícita- ou implicitamente que a vida surgiu da lama depois de uma chuvada.

“Evolução é uma palavra flexível. Pode ser utilizada por alguém para designar uma mudança que ocorre no tempo, ou por outra pessoa para referir a descendência de todas as formas de vida de um antepassado comum, não se especificando o mecanismo dessa mudança. No seu sentido biológico, contudo, a evolução designa um processo pelo qual a vida emerge da matéria não-animada e se desenvolve depois por meios naturais. Foi esse o sentido que Darwin emprestou à palavra e foi retido pela comunidade científica. É neste sentido que eu utilizo a palavra “evolução” ao longo deste livro.”

--- Michael Behe, in “A Caixa Negra de Darwin”, Editora Ésquilo, ISBN 978-989-8092-44-1.

Isto significa que o conceito de “evolução darwinista” pertence à metafísica, e não à ciência. Ou, se quisermos, um conceito neo-kantiano:

“O criacionismo (bíblico) é um mito, assim como o darwinismo é um mito, porque é impossível explicar a mutação das formas”.

Eric Voegelin

Se “evolução” é um processo através do qual o Criador se apresenta no espaço-tempo, e por isso, se o conceito de “evolução” subentende que o espírito, a alma e a razão são produtos de uma evolução segundo a lei divina (e não só a lei natural, que é uma consequência da lei divina), então o termo “evolução” não representa, para mim, qualquer problema.

Mas se o termo “evolução” for entendido em termos estrita- e meramente biológicos e materialistas, então, o facto que resulta da verificação da autoconsciência, por um lado, e a possibilidade de acesso à dimensão das verdades perenes, por outro lado, destrói este quadro e esta mundividência evolucionários.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

O politicamente correcto é, na sua essência, anti-científico


Outro texto escolhido pela professora Helena Serrão, desta vez colocando sibilinamente em causa a indução (na ciência): trata-se, em boa verdade, de uma crítica à generalização.

Vivemos em uma cultura de crítica feroz à generalização, ou seja, nunca cultura estruturalmente anti-científica, por um lado, e por outro lado, numa cultura marcada por um nominalismo radical, em que as pessoas (geralmente) têm dificuldade em categorizar a realidade; uma cultura em que a noção de “juízo universal” está basicamente ausente, ou é negada.

A crítica à generalização, em favor de um nominalismo radical, não é apenas de hoje: é uma manifestação da “velhice do eterno novo” (Fernando Pessoa). Na velha Grécia, Antístenes (o Cínico) dizia que a realidade é sempre individual e que a generalização é uma ilusão.

Antístenes poderia perfeitamente ser militante do Bloco de Esquerda.

Antístenes terá dito a Platão: “Eu vejo um cavalo, mas não vejo a cavalidade”, ao que Platão respondeu: “Porque não tens olhos para vê-la...”

Quando Antístenes dizia que via “um cavalo mas não via a cavalidade”, estava a negar a noção de juízo universal. Uma das características do politicamente correcto actual é a negação radical do juízo universal. A negação do juízo universal é a negação da generalização e da indução, é a negação da ciência.

O que aconteceu, ao longo da História, foi uma sucessão de herdeiros de Antístenes que deixaram de ver a cavalidade para só enxergarem o cavalo, isto é, eles próprios. O nominalismo é o pai do relativismo.

O politicamente correcto, que nos governa actualmente, é, na sua essência, anti-científico. Pretende estupidificar orgulhosamente os povos.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Pedro Nuno Santos, Isabel Moreira, e o novo puritanismo socialista

Em Portugal, o Fidel Castro português pretende acabar com o direito à objecção de consciência, por parte dos profissionais sanitários, em relação ao aborto.




Trata-se de uma flagrante violação dos direitos fundamentais dos médicos e enfermeiros, consagrados na Constituição. Ora, esta violação dos direitos constitucionais é conduzida e pela socialista Isabel Moreira, que tem aconselhado juridicamente o Fidel Castro português: ao abrigo de um constitucionalismo bacoco, Isabel Moreira retorce a Constituição quando lhe convém e a seu bel-prazer, transformando-a em um instrumento de arremesso político e num meio de transformação totalitária da sociedade.

No Canadá, o filho do Fidel Castro transformou o seu país no terceiro, em uma lista a Ocidente, a perseguir politicamente cristãos. A consciência cristã passou a ser objecto de Inquisição por parte dos novos puritanos, nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Canadá (os três primeiros da lista do novo puritanismo).



G. K. Chesterton definiu, e bem, o puritanismo (de todos os tempos) como a negação fundamental e radical da bondade da Criação (gnosticismo, na esteira de Rousseau), tentando encontrar, a raiz do Mal, na sociedade como um todo, e não no indivíduo descompensado que abusa e mal-usa as coisas boas e positivas que a Natureza nos provê.

Existe, actualmente e nos países ocidentais, um novo tipo de tentação totalitária que, a coberto de um novo tipo de puritanismo, pretende retirar a liberdade de opinião e de manifestação pública dos povos, controlando os me®dia que impõem a censura mitigada (auto-censura) com a sub-informação, e a mentira dissimulada através da pseudo-informação.

Fazem parte desta nova tentação totalitária a instrumentalização da ideologia LGBTQPBBQ+ , por um lado, e a manipulação eco-fascista que pretende acabar com a agricultura na Europa, por outro lado. São ambos instrumentos de fascização da sociedade, invocando sempre as pseudo-virtudes dos novos puritanos que nos impõem a mordaça e os grilhões em nome de uma qualquer utopia.