domingo, 11 de outubro de 2015

A mula Fernanda Câncio critica o machismo

 

“O contraste é tanto mais curioso quando a homofobia é uma derivação do sexismo, vulgo machismo - como bem o meu entrevistado de há 22 anos frisou. Mas, de algum modo, apesar de a luta das mulheres pela igualdade ser muito mais antiga do que a luta contra a homofobia, é como se esta tivesse elidido aquela. A ponto de tanta gente, a propósito do caso Quintanilha, afirmar que chamar mulher a um homem é "insultuoso" sem se dar conta do implícito insulto às mulheres”.

Fernanda Câncio

Como podemos verificar com a leitura do texto completo do artigo publicado no D.N. pela Fernanda Câncio: em um mundo politicamente correcto, o discurso público torna-se impossível; se o problema não é do cu, seguramente que é das calças; e se o problema é das calças, seguramente que tem consequências graves a nível do cu; e se tiramos as calças por causa do cu, andamos nus — o que é uma falta de respeito para com as lésbicas e feministas.

A verdade, meus amigos, é que chamar “homem” a uma mulher é tão insultuoso como chamar “mulher” a um homem. Nenhuma mulher — em juízo universal — gosta que a sua feminilidade seja colocada em causa quando se diz dela que é um “homem”: por exemplo, quando se diz: “Aquela mulher, da cintura para cima, sai ao pai”; ou quando se diz que “aquela mulher tem pêlo na venta”.

Colocar em causa a condição natural feminina da mulher é tão insultuoso quanto colocar em causa a masculinidade de um homem.

A Câncio identifica o sexismo com o machismo, o que significa que o mulismo, para ela, não é uma forma de “sexismo”. Para a Câncio, a afirmação positiva o macho é criticável; mas, pela crítica ao “macho”, ela afirma a positividade da condição de “mula”: ser mula é uma coisa boa; ser macho já não é. A crítica ao machismo (sob a capa de sexismo) é uma forma de branquear ou de dissipar, na cultura antropológica, o mulismo da Câncio e quejandas.

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