Rui Ramos (historiador) escreveu aqui um ensaio notável acerca de Fátima. ¿E, “notável” por quê? Porque se apoiou em factos documentados (passo redundância), por um lado, e por outro lado porque se absteve de interpretações desconstrutivistas que caracterizam “historiadores” como Fernando Rosas e/ou Raquel Varela.
O desconstrutivismo histórico não é o cepticismo salutar do historiador: em vez disso, é a negação ou/e sonegação ou/e deturpação selectiva de alguns factos historicamente documentados — porque são julgados ideologicamente “inconvenientes”. Raquel Varela ou Fernando Rosas, entre outros “historiadores” marxistas, estabelecem a priori as conclusões da investigação histórica; mas um historiador propriamente dito segue os factos históricos independentemente das conclusões a que possa chegar.
Só há um reparo a fazer no ensaio de Rui Ramos: quando ele se refere à Renascença Portuguesa e aos nomes de “Teixeira Pascoaes, Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão, Raul Proença, António Sérgio, Raul Brandão, e, ao princípio, Fernando Pessoa”.
« Nos seus artigos e conferências, Pascoaes, o líder da Renascença, citava, tal como Sardinha, Henri Bergson e William James, para repudiar o “egoísmo materialista”, o “cientismo estreito e superficial”, e saudar o “espírito religioso que ora aparece na Europa”. »
A Renascença Portuguesa pouco ou nada tem a ver (filosófica- e/ou teologicamente) com o catolicismo ou com a Igreja Católica do século XX.
Por exemplo, Leonardo Coimbra só se confessou “católico” pouco tempo antes da sua morte trágica; Bergson foi tentado pelo catolicismo mas não o adoptou. Todos nomes citados ou eram deístas (deísmo), ou eram panteístas (panteísmo, que é um monismo).
A mística teísta (teísmo católico) é incorruptível; mas a mística naturalista (o deísmo, ou “religião natural”) perverte-se em panteísmo, quando a consciência extática identifica o esplendor da Criação, por um lado, com o esplendor do Criador, por outro lado. E a mística personalista (a que é separada da religião) perverte-se em gnosticismo quando a consciência ensimesmada identifica a eviternidade da alma, por um lado, com a eternidade de Deus, por outro lado.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Neste blogue não são permitidos comentários anónimos.